O seu ouvido é a nova frente de batalha da inteligência artificial generativa, aquela capaz de construir conteúdo similar ao de um humano. Exagero? Nem tanto. Quer ver? Os tocadores digitais estão sendo invadidos por músicas feitas integralmente com IA. Artistas de pixels – mas não de carne e osso – assinam contratos milionários com grandes gravadoras. Canções de bandas e músicos sintéticos começam a chegar ao topo das paradas de sucesso.
E, a julgar pelo grau de percepção dos ouvintes, a música feita por IA encontrará poucas barreiras. Segundo novo estudo da Ipsos encomendado pela Deezer, 97% dos brasileiros não conseguem distinguir canções integralmente sintéticas daquelas feitas por gente de verdade. O alto índice é idêntico ao do resto do mundo.
A situação é ainda mais dramática, já que mais de 40% dos ouvintes, aqui e em outros lugares do mundo, afirmam que, se pudessem, evitariam músicas feitas com IA. É a fome sem nenhuma possibilidade de comer.
A pedido da Deezer, a Ipsos realizou uma das primeiras pesquisas mundiais abrangentes sobre comportamento relacionado a música e IA. Para isso, a firma de pesquisa ouviu 9 mil pessoas de Alemanha, Canadá, Brasil, Estados Unidos, França, Holanda, Japão e Reino Unido. Constatou que:
- Expostos a duas faixas e questionados sobre qual era a sintética e qual a feita por humanos, só 3% acertaram. Nisso, brasileiros se igualaram às outras nacionalidades.
- No entanto, do total dos usuários consultados, 45% disseram que gostariam de aplicar um filtro para se verem livres de músicas feitas por IA nas plataformas que assinam.
- Se soubessem distinguir, pulariam as faixas compostas com IA (40% no mundo e 42%, no Brasil).
- O desconforto gerado por não ser capaz de distinguir é mais forte no restante do mundo (52%) do que entre os brasileiros (46%).
- Dentre os entrevistados do Brasil, 76% disseram que ouviriam canções sintéticas por curiosidade, índice de 66% no recorte mundial.
Em relação à pesquisa, o gerente geral da Deezer no Brasil, Rodrigo Vicentini, diz:
“Eu gosto dessa palavra: perfil de consumo. É como as pessoas vão consumir música daqui pra frente, dado que tem esse novo elemento chegando. É um ponto super crucial para entender o engajamento das pessoas com essas músicas e se realmente elas estão a favor ou contra. A pesquisa dá vários indicadores interessantes: 65% dos brasileiros tem interesse por IA. Ou seja: a gente não é só curioso, a gente tem usado bastante IA, ao mesmo tempo em que 73% querem transparência para saber se essa música na playlist dele foi feita pelo Helton ou se foi feita 100% por uma inteligência artificial 100% sem o toque humano.”
Imagem: Divulgação
Texto: UOL