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      Beber café ou chá muito quentes aumenta risco de câncer de esôfago

      Beber café ou chá muito quentes aumenta risco de câncer de esôfago

      Tomar uma xícara de café ou chá bem quente, logo após o preparo, é um hábito comum na rotina de muitas pessoas. Mas um novo estudo publicado no British Journal of Cancer faz um alerta: a temperatura da bebida pode ter relação com o risco de desenvolver câncer de esôfago.

      Conduzida com dados do UK Biobank, a pesquisa acompanhou quase 455 mil pessoas por mais de 11 anos para entender se a quantidade e a temperatura dos líquidos ingeridos influenciam o aparecimento do câncer. Os participantes informaram quantas xícaras de chá e café tomavam por dia e como preferiam a bebida: morna, quente ou muito quente.

      Durante o período de acompanhamento, foram registrados 710 casos de adenocarcinoma de esôfago e 242 diagnósticos de carcinoma de células escamosas, os dois principais tipos do câncer. Os pesquisadores observaram que, embora o consumo moderado de bebidas quentes não pareça ter relação com o adenocarcinoma, houve um aumento significativo de risco para o carcinoma de células escamosas, especialmente entre quem consome mais de quatro xícaras diárias de bebidas “muito quentes”.

      O câncer de esôfago é um tumor maligno que se origina na mucosa do tubo esofágico e apresenta dois subtipos principais. O carcinoma de células escamosas surge nas células que revestem o esôfago e está mais associado aos hábitos de fumar, consumir bebida alcoólica e tomar líquidos muito quentes. Já o adenocarcinoma se origina nas glândulas próximas à junção com o estômago, sendo mais ligado à obesidade e ao refluxo gastroesofágico crônico.

      Na pesquisa, observou-se que quanto mais quente e frequente o consumo das bebidas muito quentes, maior o risco de desenvolver a doença. Pessoas que tomavam até quatro xícaras por dia de líquidos fumegantes tinham risco duas vezes maior de desenvolver o câncer em comparação a quem preferia bebidas mornas. Entre os que ultrapassavam oito xícaras diárias, o risco chegava a ser cinco vezes maior.

      A explicação está no efeito térmico sobre o revestimento do esôfago. “O mecanismo provável é a lesão térmica repetida da mucosa esofágica, que provoca inflamação crônica e regeneração celular contínua”, analisa a oncologista Ludmila Koch, do Einstein Hospital Israelita. “Com o tempo, esse processo favorece mutações no DNA das células e aumenta o risco de formação de um tumor.”.

      Imagem: Divulgação
      Texto: UOL