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      Aprender um idioma pode rejuvenescer seu cérebro, diz estudo

      Aprender um idioma pode rejuvenescer seu cérebro, diz estudo

      Falar mais de um idioma pode fazer mais do que abrir portas culturais e profissionais — pode também tornar seu cérebro mais jovem. Um novo estudo da revista Nature Aging, analisou dados de mais de 86 mil pessoas em 27 países europeus e concluiu que a capacidade de falar múltiplas línguas está ligado a um envelhecimento biológico mais lento e a menor risco de declínio cognitivo.

      O estudo é assinado por cientistas de universidades do Chile, Colômbia, Argentina e EUA. Os pesquisadores partiram do princípio que as trajetórias de envelhecimento humano são influenciadas por fatores de risco modificáveis, e aprender ou usar várias línguas pode ser um deles.

      Para chegar aos resultados, a equipe usou um indicador chamado “lacuna de idade biocomportamental”, que mede a diferença entre a idade cronológica e uma idade “prevista” com base em fatores de saúde, cognição, estilo de vida e condições socioeconômicas. Basicamente, quanto menor for essa lacuna, mais saudável é o envelhecimento. E, consequentemente, menores são os riscos de ela desenvolver quaisquer complicações que prejudiquem a sua saúde a longo prazo.

      Amostra sem precedentes

      O novo projeto integrou fatores positivos, como capacidade funcional, escolaridade e desempenho cognitivo, e fatores adversos, como condições cardiometabólicas e deficiências sensoriais.

      Diante desse cenário, os resultados foram claros: o multilinguismo emergiu como um fator de proteção para o cérebro. Nas análises, percebeu-se que falar mais de um idioma reduziu pela metade a probabilidade de envelhecimento acelerado. Por sua vez, o monolinguismo aumentou significativamente esse risco.

      Esses efeitos permaneceram mesmo após o ajuste para variáveis linguísticas, físicas, sociais e políticas, o que indica que o benefício está diretamente ligado ao uso e à aprendizagem de idiomas — e não apenas a fatores culturais ou educacionais associados. “Apenas um idioma adicional já reduz o risco de envelhecimento acelerado. Mas quando se fala dois ou três, esse efeito é ainda maior”, explica o neurocientista Agustín Ibañez, da Universidade Adolfo Ibáñez, no Chile.

      Implicações para a saúde global

      A pesquisa reforça a visão de que o multilinguismo deve ser considerado um fator protetor em estratégias globais de saúde. E, por isso, os autores defendem que as políticas educacionais e os programas de envelhecimento ativo devem estimular o aprendizado e o uso de línguas em todas as idades.

      “O multilinguismo parece atuar como uma forma natural de ginástica cerebral, fortalecendo circuitos cognitivos e preservando a saúde do cérebro ao longo da vida”, resume Ibañez. Além de uma habilidade cultural que conecta as pessoas a outras realidades, trata-se de uma forma de exercício mental com diversos ganhos – alguns ainda em processo de descoberta.

      Imagem: Divulgação/Pexels
      Texto: Revista Galileu