O que começa como um medo infantil de ir ao dentista pode evoluir para um quadro persistente de ansiedade odontológica — uma condição que, em muitos casos, pode se transformar em odontofobia, um transtorno reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e classificado no CID-10 F40.2, o mesmo grupo das fobias específicas.
Um levantamento da Oral Health Foundation, no Reino Unido, mostra que 36% das pessoas evitam o dentista por medo. No Brasil, 15% da população apresenta ansiedade odontológica, segundo o Conselho Federal de Odontologia (CFO). Já a odontofobia, especificamente, atinge cerca de 2% da população brasileira, o que corresponde a cinco milhões de pessoas.
Medo ou fobia? Entenda a diferença
Segundo especialistas em terapia cognitivo-comportamental, o medo é uma reação natural e transitória. Já na odontofobia, o medo é persistente, excessivo e irracional. O paciente sente ansiedade extrema não apenas diante do dentista, mas também ao pensar na consulta. Os sintomas vão de taquicardia, sudorese e tremores a vontade de chorar e pensamentos acelerados. O problema geralmente começa na infância, mas pode surgir na vida adulta após experiências negativas.
Novas abordagens: psicoterapia e sedação consciente
Quem evita o dentista por anos corre risco maior de infecções, perda dentária e até isolamento social. Por isso, é preciso buscar tratamento. Além da terapia cognitivo-comportamental, usada para reprogramar as reações de medo, a odontologia tem adotado recursos que vão do óxido nitroso — conhecido como “gás do riso” — à sedação venosa e anestesia geral em casos mais severos. O uso do gás é regulamentado no Brasil desde 2004, mediante curso específico de 96 horas, e que, em clínicas privadas, já é uma prática consolidada. No sistema público, ainda é raro.
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Texto: g1